Esteja sempre pronto (oportunidades aparecerão)

Capital cultural, habilidades, grandes decisões

O CHÁ DO JOHN LENNON

Jimmy Iovine, uma lenda da indústria musical, começou como assistente do produtor Roy Cicala.
Fazia de tudo no estúdio: varria o chão, montava equipamentos, reabastecia materiais, corria atrás do que precisassem.

Em 1971, quando Cicala produzia o álbum Imagine, do John Lennon, Iovine disse:

“Eu aprendi a fazer o chá do John Lennon.”

Parecia algo pequeno, irrelevante. Mas não pra ele.

“Eu fazia aquele chá do mesmo jeito que faço tudo na vida”, disse Iovine.
“Aperfeiçoei. Cronometrei exatamente o tempo. Lennon não deixava mais ninguém fazer.”

Com o tempo, Cicala começou a confiar mais.
Em 1973, no domingo de Páscoa, ligou pra ele:

“Preciso que você venha hoje atender o telefone.”

A mãe de Iovine disse:

“Você tá louco? É domingo de Páscoa!”

Chegando lá, viu Cicala e Lennon rindo:

“Queríamos ver se você vinha num domingo de Páscoa. O assistente de engenheiro faltou. O John quer que você faça.”

Ali, Iovine recebeu seu primeiro crédito como engenheiro assistente no álbum Mind Games, de John Lennon.
Depois, trabalhou com Bruce Springsteen, Patti Smith, Tom Petty, Stevie Nicks…

Ele era conhecido como um “pau pra toda obra”.
Tinha um conjunto de habilidades, repertório e cultura que abriu portas.
Mas tudo começou com algo simples: um chá.

Um chá que a maioria das pessoas ignoraria.
Mas que ele tratou com obsessão, excelência, entrega.

Na carta de hoje, quero falar sobre isso.
Sobre como atrair mais oportunidades na vida.
Como adquirir capital cultural, desenvolver habilidades raras e se tornar bom demais para ser ignorado.

Vamos nessa, Criador(a)?


Por trás de grandes oportunidades na vida, existe um segredo.
Pierre Bourdieu, sociólogo francês, chamava isso de Capital Cultural.

Um conjunto de conhecimentos, habilidades e maneiras de ser que geram prestígio e vantagem na sociedade.


O DIA EM QUE ME SENTI IGNORANTE

Numa aula de escrita em Seattle, sentei em dupla com um coreano chamado Jinwoo. Quando ele abriu a boca, percebi que era um cara cheio de cultura. Consegui conversar com ele sobre alguns assuntos naquela aula até ele começar a demonstrar profundidade. Viramos amigos depois de concluir o trabalho juntos.

Aprendia com ele sobre discos, câmeras, quadros, comida. Nunca vou esquecer quando fomos atravessar a rua e o sinal estava vermelho (não havia carros passando). Quando coloquei o pé na rua, Jinwoo gritou para eu esperar.

Outra vez, quando fomos fazer café juntos, ele me explicava sobre a origem dos grãos do café.

Isso, de certa forma, me deixava incomodado. Por não saber quase nada do que ele sabia.

Jinwoo, por ter nascido em uma cidade rica na Coreia e ter sido criado por pais cultos, tinha a enorme capacidade de dominar diversos assuntos e ter profundidade em cada um.

Isso não só o tornava mais atraente como ser humano, mas também lhe dava mais oportunidades na vida.

Ter convivido com Jinwoo me fez me sentir insuficiente no começo. Mas o meu aprendizado aumentava em 1000%.

Certo dia, fui convidado para jantar com a família dele.

Adquirindo capital cultural.

O pai de Jinwoo, chamado Min-jun, CEO de uma grande empresa de petróleo, me perguntou se eu estava gostando do meu trabalho na faculdade…

Eu disse que gostava, mas me incomodava ver amigos ganhando mais em carreiras tradicionais.

Ele respondeu:

“Não se preocupe com dinheiro agora. Concentre-se em adquirir conhecimento e habilidades. Elas são como ouro – você pode transformá-las em algo mais valioso do que imagina.”

Eu perguntei:

“Mas Min-jun, como posso adquirir esses conhecimentos como vocês, se minha realidade não tem isso?”

Ele disse:

“Mesmo que sua realidade seja diferente da de quem tem acesso à ‘cultura’, tire momentos do seu dia para moldar seu conhecimento e ter mais oportunidades.”

E então Min-jun dividiu sua filosofia de capital cultural em três partes:

  1. Duas mentalidades.
  2. Suas três maiores escolhas da vida.
  3. O seu hábito diário.


1. DUAS MENTALIDADES

Mentalidade da Paixão (Passion Mindset)

Min-jun trouxe um conceito de um livro chamado So Good They Can’t Ignore You — Bom Demais para Ser Ignorado.

A mentalidade da paixão se refere a todas as pessoas que buscam um trabalho que “as realiza”. Um trabalho que seja seguro, que dê um bom dinheiro.

O foco: o que o trabalho pode fazer por mim?

A consequência?

Gera insatisfação crônica. Você está sempre avaliando o trabalho com base em como ele te faz sentir. Vive em busca da “carreira perfeita”. Cria ansiedade e inconstância. Ou fica pulando de galho em galho em busca de mais dinheiro.
Em vez disso… siga essa mentalidade:

Mentalidade do Artesão (Craftsman Mindset)

Em vez disso, Min-jun me propôs a segunda mentalidade:

O foco é: o que você pode oferecer ao trabalho?

Agora a pergunta era:

“Como posso me tornar tão bom que eles não possam me ignorar?” “Como posso criar algo de valor?” “Como posso me aprimorar tecnicamente?”

A consequência?

Gera maestria, autonomia e, com o tempo, satisfação genuína. Você foca em melhorar constantemente suas habilidades. A paixão vem depois, como consequência da excelência.

Isso explodiu minha cabeça. Porque, mesmo que eu estivesse ganhando menos que meus colegas, eu estava me tornando mais valioso no futuro.

Eu tinha um conjunto de hard skills e soft skills.

Soft Skills:
Habilidades comportamentais. Ex: comunicação, empatia, liderança.

Hard Skills:
Habilidades técnicas. Ex: Excel, inglês, programação.


2. SUAS TRÊS MAIORES ESCOLHAS NA VIDA

Min-jun me disse:

“Passe mais tempo decidindo essas três coisas. Vai mudar sua vida.”

1. Com quem você escolhe passar seu tempo

Sua parceira, seus amigos, seus mentores.
Eles moldam sua energia, visão de mundo e ambição.

Se hoje você não tem boas amizades, procure comunidades online.
Gente que pensa como você. Comece com a Comunidade Create.

2. Onde você escolhe morar

“Seu ambiente define sua mentalidade.”

Seu cachorro vive a vida toda dentro de casa.
E você? Vai passar no mesmo bairro, mesmo bar, mesma cidadezinha pra sempre?

Os seis meses que vivi nos EUA me transformaram mais do que cinco anos na minha cidade.
Dez dias na Itália valeram mais que dois meses em casa.

“Mas Bagetti… eu não tenho dinheiro pra isso.”

Planeje-se. Se organize. Vá para um lugar que irá aumentar as chances de você subir de nível.

3. No que você vai focar?

No que você irá focar nos próximos meses (como você aplica sua energia e talento) – seu trabalho molda quem você se torna, o que você aprende e o impacto que você gera no mundo.

Steve Jobs tinha um conceito que eu gosto muito.

Steve Jobs não era conhecido por ser “legal”. Ele falava diretamente o que pensava, sem se preocupar se iria agradar ou não. Para ele, as pessoas não sabiam o que queriam até que ele mostrasse. E, apesar de parecer arrogante, essa mentalidade escondia algo poderoso: um foco absoluto no que realmente importava.

Jobs entendia um conceito que poucas pessoas falavam nos anos 90: a relação entre sinal e ruído.

Ruído: tudo aquilo que tira sua atenção do que realmente importa.
Sinal: as poucas coisas essenciais que precisam ser feitas para avançar na sua missão.

Para Steve, o sinal era simples: quais são as 3 a 5 coisas mais importantes que você precisa fazer nas próximas 18 horas?

Não era sobre planos para a semana, mês ou ano. Era sobre o hoje. O agora.

Ele acreditava que:

“Essas tarefas críticas precisam ser concluídas hoje. Qualquer coisa que te afaste delas é ruído.”

Seu objetivo era manter uma relação de 80% sinal e apenas 20% ruído.

Ou seja, quase todo o seu tempo e energia iam para o que realmente movia sua visão adiante.

E essa filosofia de foco absoluto foi um dos maiores segredos por trás do sucesso absurdo da Apple e de sua própria vida como criador e líder.


3. HÁBITOS DIÁRIO PRA FICAR MAIS INTELIGENTE

Mesmo que sua realidade não tenha cultura ao redor, você pode construí-la.

Aqui está o que Min-jun me recomendou:

  • Dedique 1h por dia a conteúdos longos
    • Podcast com anotações
    • Newsletters profundas
    • Livros de verdade
  • Estude fora do seu domínio
    • Seja um Nutricionista que estuda finanças.
    • Um atleta que escreve.
    • Um bodybuilder que corre.
  • Adote a prática da maiêutica de Sócrates
    • Pergunte “por quê?” o tempo todo
    • Não filtre suas dúvidas como “bobas”

Seja um paradoxo.
Seja indefinível.


O DIA EM QUE OS VERMES DE JAMES CAMERON MUDARAM SUA VIDA

Antes de dirigir Titanic e Avatar, James Cameron foi motorista, mecânico e zelador.
Trabalhos braçais, mal pagos. E uma frustração constante.

Mas, nos fins de semana, ele fazia algo diferente:
estudava cinema sozinho numa biblioteca.

Imprimiu teses, criou pastas, se deu um “mestrado informal” em tecnologia cinematográfica.

Anos depois, já como assistente de efeitos especiais, ele teve que criar uma cena com vermes se mexendo num braço decepado. Mas os vermes estavam imóveis.

Ele lembrou de algo que tinha lido:
colocou um fio elétrico escondido sob o braço e pediu pra um colega energizar quando dissesse “ação”.

“Ação!” — os vermes se moveram.
“Corta!” — os vermes pararam.

Dois produtores estavam observando.

“Você quer almoçar com a gente?”

E ali, James Cameron recebeu seu primeiro convite pra dirigir um filme.

“A sorte favorece a mente preparada”, ele disse.


VOCÊ ESTÁ FAZENDO BARULHO OU SÓ CONSUMINDO?

James Cameron. Jimmy Iovine. Eu.
Três histórias, uma coisa em comum:

Nós acumulamos capital invisível.
Mais cedo ou mais tarde, a oportunidade ia aparecer.
E quando apareceu, estavam prontos.


O SEGREDO QUE O COREANO NÃO ME DISSE

Ele me ensinou muita coisa. Mas tinha algo que só a vida ensina:
Ou você cria, ou será criado.

O próximo passo não é virar uma máquina de conhecimento.
É transformar isso em algo. Criar. Vender. Compartilhar.
É isso que fazemos na Create — a comunidade que mais cresce no Brasil.

Se quiser fazer parte disso, o convite está feito.

A porta está aberta. Mas você precisa dar o primeiro passo.

— Bagetti

Trabalhe menos. Ganhe mais. Aproveite a vida.

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